terça-feira, maio 27, 2014

Um Cometa e uma Supernova do Consórcio Panstarrs


A noite de 26 de maio foi bastante razoável para observações astronómicas. Pelo menos até perto da 24:00 horas, quando de oeste se adensaram nuvens que viriam a cobrir praticamente todo o céu. Neste lapso de tempo efetuámos múltiplas imagens do cometa C/2012 K1 Panstarrs que circula na Ursa Maior com um brilho muito mais intenso desde a última vez que o vimos. Deverá no momento ter uma magnitude visual em torno dos 8.

Aqui ficam duas imagens do cometa que surge com uma cauda já bastante desenvolta e com uma cabeleira esverdeada de cianogénio.

 
Por falar em Panstarrs veio-nos á mente que a equipa PanSTARRS-1 descobriu com a confirmação posterior do Katzman Automatic Imaging Telescope ( KAIT ) do Observatorio Lick, de uma Supernova na galáxia M106, na constelação dos Cães de Caça e agora denominada SN2014bc. Como andávamos lá perto, resolvemos dar uma “vista de olhos”, realizando uma integração de 24 imagens de 40 segundos.

A M106 situa-se a 23 milhões de anos-luz e foi exatamente a esta distância no tempo que a estrela supergigante explodiu de forma violenta até chegar ao nosso planeta no dia 20 de maio de 2014, data da sua descoberta. A galáxia é relativamente brilhante com magnitude 9,possuindo um núcleo também muito brilhante que dificulta a visualização da Supernova por se encontrar apenas a alguns segundos de arco deste núcleo com uma magnitude de cerca de 14,5.

 

Trata-se de uma Supernova do tipo II com espetro de emissão no H-alfa (1ª linha de emissão do átomo de hidrogénio), tipicamente massiva em relação ao nosso Sol (pelo menos 8 vezes maior) e que esgotado o seu combustível (hidrogénio e hélio) em elementos mais pesados como o ferro, chega a um beco sem saída, apagando-se o seu “motor” interno e decaindo sobre si própria. Quando as camadas exteriores da estrela atingem o núcleo, produz-se uma explosão colossal que atinge tudo á sua volta e devolve ao espaço cósmico todos os elementos de que agora somos feitos…incluindo o ferro que nos circula no sangue!

A imagem obtida no limite técnico de um telescópio Schimidt-Cassegrain de 203mm a f/10, não evidência de forma clara a presença da Supernova que deverá nos próximos tempos aumentar de brilho. A imagem foi redimensionada (encolhida) apenas a 80% do seu tamanho original.


Entretanto o cometa 209P/LINEAR esteve a 6 de maio no seu perihélio mas a 29 deste mês passará apenas a 0,0554 Unidades Astronómicas (UA) do nosso planeta (8,290,000 km) atingindo magnitude de 11 e tornando-se no 9º cometa a aproximar-se tando da Terra.

Esperava-se também que o nosso planeta fosse afetado na manhã de 24 de maio pela sua passagem pelas poeiras deixadas pela cauda deste cometa, criando uma tempestade de meteoritos, o que não se veio a verificar (teria sido um belíssimo espetáculo).

A imagem aqui presente revela-o com uma magnitude muito fraca da ordem dos 15 valores mostrando apenas o seu núcleo muito brilhante. Uma outra galáxia do céu profundo e com magnitude de 15.4 também é visível no mesmo quadrante. Acrescentámos uma mapa da mesma região do céu produzido pelo simulador SkyMap pro.

Na constelação da Virgem existe a bonita galáxia espiral barrada denominada M104 (M de Messier, o seu catalogador mas não descobridor) e situada a cerca de 28 milhões de anos-luz. É também conhecida pela Galáxia do Sombrero devido a parecer-se com um chapéu mexicano.


Possui, como a imagem mostra, um núcleo muito brilhante onde reside um Buraco Negro Supermassivo. Em seu redor gira um disco imenso de poeira e matéria escura que não deixa passar a luz.

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